terça-feira, 6 de março de 2012

Quebradores de Coco Babaçu – Serra da Meruoca, Ceará

O babaçu é uma das mais importantes representantes das palmeiras brasileiras, distribuindo-se por mais de 18 milhões de hectares em todo o Brasil. É constituído por um conjunto de seis espécies de palmeiras do gênero Orbignia, sendo as mais importantes O. speciosa e O. oleifera. Como espécie típica precursora, alastrou-se espontaneamente por uma grande área nos estados do Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará e Piauí, vindo a constituir maciços muitos densos chegando a ter mais de mil indivíduos por hectare (DOS SANTOS & PASTORE JÚNIOR, 2003).


É uma planta que faz parte vegetação secundária, ou seja, a partir do momento que ocorre o desmatamento, seguido do fogo, para o plantio de roçados, a germinação de seus frutos é potencializada.

As plantas de babaçu se desenvolvem bem em regiões de clima quente, e ocorrem principalmente nos estados do Maranhão, Piauí, Mato Grosso e áreas isoladas dos estados do Ceará, Pernambuco e Alagoas. São encontradas também na Bolívia, Guianas e Suriname. A propagação da planta é feita através de sementes. No Ceará é comum encontrar babaçu nas regiões da Ibiapaba, Araripe, Serra do Baturité e Serra da Meruoca.


Na região da APA da Meruoca é muito comum encontrar essa palmeira, principalmente, na região norte da Serra, em alguns distritos dos municípios de Massapê e Meruoca. Segundo dados do IBGE o município de Meruoca tem capacidade para produzir mais de 20 toneladas de amêndoa/ano, quase 5% da produção de amêndoas do estado. Porém a produção de amêndoa vem caindo a cada ano, devido, principalmente:
Baixo preço que é pago aos quebradores, entre 0,80 e 1,00 real/kg de amêndoa;
Falta de organização dos quebradores;
Ausência de assessoria técnica;
Falta de equipamentos para processamento da amêndoa e da massa (mesocarpo);
Debilidade no aproveitamento integral do coco, haja vista que de tudo se aproveita;

Contudo o babaçu foi e ainda é uma fonte de renda para as famílias que moram em regiões mais isoladas na Serra da Meruoca. É comum escutar de agricultores (as) que criaram seus filhos através do babaçu, lógico que associado com outras atividades como roçado de milho e feijão, farinha de mandioca, castanha de caju, banana e a caça. O babaçu em algumas comunidades na serra faz parte das vidas das pessoas, devido suas inúmeras utilizações e os benefícios:

Fruto
Uma árvore leva entre 15 e 20 anos para produzir o fruto – de cem quilos de coco quebrado aproveitam-se de oito a dez quilos de amêndoas.


Polpa
É oleosa e farinácea, contendo de 3 a 5 sementes.

Folhas
Medem cerca de 8 metrosde comprimento, e crescem em forma de arco;

Flores
Sua cor é entre creme e amarela, e ficam aglomeradas em longos cachos; cada palmeira pode apresentar até 6 cachos.

Produtos
A árvore produz mais de sessenta derivados e tudo é aproveitado:

Mesocarpo
Parte intermediária ou polpa: ingrediente para ótimos pratos da culinária local; a farinha, mais conhecida como pó de babaçu, tem propriedades terapêuticas, como será visto adiante;

Epicarpo (uma das camadas da casca);
Depois de preparado, pode servir como combustível para os habitantes das comunidades rurais, substituindo a lenha.

Óleo
Usado para cozinhar, fazer margarina, sabão, sabonete e xampu;

Palmas (ou folhas) e cocos;
Fabricam-se redes, tapetes, peças de artesanato, jóias.

Palha
Serve para cobertura de casas e confecção de cercas e é matéria-prima para fazer papel e sacos.

Casca do coco
Depois de devidamente preparada, é usada como fonte de energia (combustível). Essa prática, geralmente, é feita à noite, devido ao fato de a fumaça que produz ser um eficiente repelente contra insetos; também produz: etanol, metanol, coque, carvão reativado, gases combustíveis, ácido acético e alcatrão, de grande aplicação industrial.

Caule da palmeira jovem
Produzem palmito e uma seiva que é transformada em vinho, depois de fermentada

Amêndoas ainda verdes
Depois de raladas e espremidas, se junta um pouco d’água e passa-se por um pano fino, dando como resultado um leite vegetal de grande capacidade nutritiva idêntica a do leite humano. É muito usado na culinária como tempero para carnes e peixes em geral, ou ingerido ao natural, em substituição ao leite animal, com grandes vantagens.

Adubo
Depois de apodrecido e também serve de alimento para animais.

Biomassa
Pode gerar o equivalente a 105 Mw (2% da matriz energética nacional), a partir das cerca de mil toneladas de cascas por ano, devido ao aproveitamento de, aproximadamente, 120 mil toneladas de castanhas de babaçu, segundo tese de doutorado de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (SP), feita pelo Dr. Marcos Alexandre Teixeira.

Composição
Contém amido, vitaminas e sais minerais diversos.

Indicações Terapêuticas
A farinha do Mesocarpo ou pó do babaçu tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, é rica em fibras, portanto, ótima para combater prisão de ventre, colite e obesidade, pois torna o fluxo intestinal mais eficiente.

Algumas fontes:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/babacu/babacu-3.php